TPC – toda a paciência conta!

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Vamos esquecer a ditadura em que os TPC podem tornar-se, e que as crianças deviam brincar mais do que trabalham. Os trabalhos de casa existem e têm de ser feitos – é com base nisso que temos de atuar.

Não se esqueça que certificar-se que os seus filhos fazem os trabalhos de casa é função sua, pelo menos enquanto eles são crianças. Fazer os trabalhos de casa é responsabilidade do seu filho, mas certificar-se que ele os faz e criar esse hábito desde cedo já deve passar por si.

Se o momento dos trabalhos de casa é um drama, analise bem a situaçãodisney-babble-campana-publicitaria_129495-jpg_38512.

Talvez a primeira coisa que tenha de mudar seja a sua atitude. Costuma ficar sem paciência? Criticar o seu filho por demorar demasiado tempo? Ameaçá-lo com castigos ou dizer-lhe que não vai aprender se não fizer os trabalhos de casa? Ou mesmo dizer-lhe que a professora vai ficar muito zangada se ele não os fizer? Qualquer destas situações pode tornar o momento de realizar os trabalhos de casa aversivo.

Claro que somos todos seres humanos e tem o direito de lhe apetecer tudo menos sentar-se a fazer trabalhos de casa durante uma hora depois de um dia02a03_a trabalho. Mas sabe quem mais tem de sentar-se a fazê-los sem vontade depois de um dia de trabalho? Pois, o seu filho. Portanto, tome uma dose de paciência e procure ter uma abordagem mais positiva. Em vez do “se não fizeres, não aprendes” diga “se fizeres os trabalhos e estudares vais aprender mais rápido e vai ser mais fácil”. Em vez do “se não fizeres os trabalhos não vês televisão” diga “quando acabares os trabalhos podes ver televisão”. Nota algum padrão nestas frases? O discurso positivo tem muito mais influência no ser humano do que o negativo, bem como as consequências positivas em contraste com as negativas. Depois de mudar a sua atitude (caso tenha sido necessário fazê-lo), dedique-se a mudar a do seu filho. Como? Deixamos algumas sugestões!

  • Organize o espaço de estudo, de forma a ser confortável (uma boa cadeira e uma secretária com as dimensões certas fazem a diferença) e a ter a luz necessária para trabalhar;
  • Livre-se de distrações – telemóvel, tablet e computador por perto são proibidos; se o seu filho tem dificuldades em concentrar-se, procure mesmo ummaxresdefault cantinho com o mínimo de objetos visíveis possível – incluindo quadros na parede, bibelôs, brinquedos, livros na prateleira e televisão por perto, mesmo que desligada (imagina-se a trabalhar concentrado com a praia mesmo ao lado, cheio de vontade de ir dar um mergulho?). Certifique-se também de que o seu filho lancha primeiro, ou estabeleça uma hora para fazer uma pausa para lanchar;
  • Não o deixe ir fazer outras coisas prazerosas antes de fazer os trabalhos de casa. Se achar que ele está cansado, pode deixá-lo descansar um pouco, sendo que descansar não implica jogar computador nem ver televisão. De outra forma, a tarefa torna-se duplamente desmotivante – não só ele vai ter de fazer os trabalhos de casa, como também vai ter de parar de fazer uma coisa que adora para isso;
  • Divida os trabalhos ou o estudo – não em intervalos de tempo, mas em tarefas precisas mais pequenas. Se há uma ficha inteira de Português para fazer, diga-lhe que após 5 exercícios pode fazer uma pequena pausa. Se há 20 páginas de História para estudar, diga-lhe que tem de estudar 10 e depois descansa um pouco. Isto é muito mais útil do que fazer comentários como “estás a fazer essa ficha há meia hora” e põe alguma responsabilidade no seu filho – se ele quer mesmo fazer uma pausa, vai realizar os exercícios mais rápido, sobretudo se forem só 5 no lugar de uma ficha inteira de uma só vez;
  • Se o seu filho precisar de ajuda, ajude-o, explicando-lhe a matéria e depois afastando-se para ele fazer os exercícios sozinho. Não precisa de fazer os trabalhos com ele.

Neelogio-importante-aprendizado-desenvolvimento-da-criancastas situações, surgem com frequência dois problemas – o seu filho passa a vida a chamá-lo, ou então fica a brincar com o lápis em vez de trabalhar.

Estes problemas são ambos facilmente contornáveis: ensine-o a anotar as dúvidas que tem e a fazer o que sabe sozinho; verifique frequentemente o trabalho dele antes que ele tenha de chamá-lo; dê-lhe bastante feedback positivo, mesmo que algum exercício esteja errado (elogie o esforço e a autonomia). Pode dizer diretamente “Faz o que souberes sozinho, daqui a pouco venho ajudar-te” e caso ele tenha terminado o número de exercícios que pediu volte a explicar o que ele não conseguiu fazer e volte a afastar-se para que ele faça sozinho;

  • Reforce; nunca desvalorize o poder do reforço positivo face a comptema_as-funcoes-de-um-mealheiro-540x347ortamentos que queremos aumentar. Um elogio (“estou muito orgulhoso de ti, estás a trabalhar sozinho!”) ou um extra (uma guloseima, 15 minutos extra de televisão, 20 cêntimos para o mealheiro) não lhe custam nada em termos de tempo nem de esforço e podem fazer toda a diferença, desde que com consistência;
  • Por fim, esteja atento a dificuldades específicas do seu filho; se há uma matéria que ele não está a dominar, fale com o professor sobre isso. Peça-lhe estratégias ou exercícios extra, ou mesmo ajuda para que incida novamente sobre aquela matéria com o seu filho. Lembre-se que o professor por norma quer e procura ensinar, apesar do programa pouco realista que tem para dar com tempo contado.
Catarina Carrapiço, Ms, BCBA
Psicóloga Clínica e Analista Comportamental